Como Tonzão de Os Hawaianos virou crente
A sede da Igreja Assembleia de Deus do
Últimos Dias, em São João de Meriti, recebeu um público diferente na
tarde de ontem. Quatro meninas chorosas fizeram plantão na entrada até
serem recebidas por Tonzão, líder dos Hawaianos, que, desde o último
sábado, largou o grupo e saiu de casa para se converter ao rebanho do
pastor Marcos Pereira.
— Eu não quero mais fazer show. Se Deus
permitir, e os outros integrantes (do grupo) quiserem, vou lá para dar
satisfação ao público, mas de terno e gravata — conta ele, que está
morando na igreja para fazer uma espécie de tratamento.
Desde janeiro, Tonzão vem frequentando
as reuniões da Assembleia. Mas uma série de acontecimentos nos dois
últimos meses o levaram a se converter.
— Sempre me emocionava nos cultos. Vi
moleques criados comigo na Cidade de Deus que matavam, roubavam,
cheiravam e se prostituíam transformados. Gente que se você dissesse um
‘ai’ era capaz de matar estava vestida de terno e gravata no sol,
servindo quentinha aos cracudos (usuários de crack) — conta ele, que
ficou ainda mais impressionado ao participar de uma cerimônia religiosa
no Monte Vida Renovada: — É um lugar sagrado na mata, onde a gente sobe
para receber o Espírito Santo. Eu, de joelhos no chão, no escuro, vi a
sarça acesa, a árvore ficou toda iluminada quando o pessoal começou a
orar.
Na ocasião, Tonzão, ou melhor, Everton Luiz da Silva Chagas, de 24 anos, diz que teve a revelação de que deixaria o grupo:
— Um amigo me disse isso, mas relutei. Ganhava muito dinheiro, tinha mulheres aos meus pés. Mas esse pensamento vinha todo dia.
Convulsão, batida de carro e conversão
Na última quinta-feira, Tonzão estava em
São Paulo e, na saída de uma balada, começou a se sentir mal. Ele diz
ter bebido vodca com energético.
— Fui hospitalizado e nenhum médico
descobria o que eu tinha. Sentia arrepios, tontura, convulsão. Só
melhorei quando falei com o pastor — conta ele.
Pelo rádio, o pastor Marcos rezou o cantor.
— Eu vi o espírito da morte com uma foice na mão saindo do corpo dele — garante o líder religioso.
Ao chegar ao Rio, no sábado, Tonzão
resolveu ir à igreja. No caminho, pela Avenida Brasil, perdeu o controle
de seu carro, um Vectra, e foi parar na mureta.
— Era como se alguém estivesse dirigindo
meu carro. Senti que Deus estava me chamando. Poderia ter acontecido
algo pior — diz o cantor, que, desde ontem, já estava dando seu
testemunho em presídios.
Fonte: Extra,
http://www.midiagospel.com.br/index.php
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